Num jantar recente quando disse que Big Boss era um bom plagiador porque transmitia o que se publicava por esse jornais e blogs fora, alguém disse enigmaticamente que o plagiador era eu. Como tal e fazendo justiça ao epiteto então dado aqui vai um excelente artigo de José Gomes Ferreira, sub-director de informação da SIC:
"Ao contrário do que acontecia há poucos anos na vida política nacional, o estado de graça do partido vencedor das eleições deixou praticamente de existir. Santana Lopes teve apenas alguns dias, entre o momento em que Jorge Sampaio lhe entregou o poder e o momento em que divulgou o programa de Governo. José Sócrates terá o mesmo tratamento. Quando anunciar o que vai fazer em quatro anos de legislatura, toda a gente - oposição, comentadores, cidadãos - lhe vai dizer que não era isso que estava no programa eleitoral…
O país não pode esperar e, por causa disso, os portugueses tornaram-se exímios cobradores de promessas.
José Sócrates vai, finalmente, ser obrigado a dizer como vai criar 150 mil postos de trabalho. Vai ter de explicar, tanto aos mais brilhantes economistas como aos trabalhadores que ganham o ordenado mínimo, como vai pôr o país a crescer 3 por cento ao ano. Vai ter de explicar já onde vai buscar os 2 mil e 500 milhões de euros que faltam no Orçamento de Estado de 2005 para cumprir a regra dos 3 por cento de défice imposta por Bruxelas. Isto é, vai ter de dizer aos portugueses o que vai vender para atingir este objectivo. Será obrigado a apresentar resultados a curto prazo com o plano tecnológico que, noutros países, só deu frutos a médio-longo prazo.
Será obrigado a cumprir o objectivo de duplicar o investimento público em investigação, até atingir 1 por cento do Produto Interno Bruto, e terá de reduzir para metade o insucesso escolar. Metas ambiciosas sem dúvida, anunciadas para o final da legislatura, mas que todo o país lhe recordará insistentemente a partir de agora.
José Sócrates deixou que Santana Lopes se queimasse em lume brando com as críticas da banca em relação à política fiscal…mas também ele prometeu levantar o sigilo bancário e até sugeriu adoptar o modelo espanhol. Os recados do Dr. João Salgueiro, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, não vão ficar só pelas páginas dos jornais.
José Sócrates prometeu aumentar os salários dos funcionários públicos em 2006. Vai ter de cumprir, numa altura em que a execução orçamental se torna um exercício cada vez mais difícil, com as despesas correntes a subir mais que as receitas.
José Sócrates vai ter de discutir em Bruxelas um programa de estabilidade e crescimento que não é da sua autoria mas que vai ter de assumir como seu. E vai ter de apresentar um Orçamento de Estado mais realista. O que foi aprovado prevê 2,4 por cento de crescimento económico, que o próprio autor, Bagão Félix, tratou de rever para baixo em Bruxelas.
José Sócrates vai perceber, nos próximos tempos, que o nível de emprego em Portugal é mais influenciado pela cotação da Siemens em Frankfurt ou pela redução de impostos sobre as empresas na União Indiana, que pelas medidas estudas pelo PS para dinamizar o mercado de trabalho.
José Sócrates vai perceber, rapidamente, como os portugueses se tornaram exímios cobradores de promessas"
Il Fenomeno
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