Estava visionando um debate da televisão pública sobre como será o ano de 2004, em que, entre outras coisas, falavam sobre as causas do atraso português, vou-me debruçar, não muito demoradamente, sobre esta última.
Meus amigos, para mim uma das principais causas do nosso atraso é a culinária, mais especificamente o cozido à portuguesa. Um povo que tem como um dos seus orgulhos gastronómicos o cozido, tem todo o seu atraso explicado. Um prato que consiste em juntar todo o tipo de carnes das partes mais incrivéis de um animal, acho que neste capítulo o porco é o mais martirizado é da orelha ao intestino, mais uns enchidos (que belo termo), terminando com umas verduras (para dar aquele ar saudável).
O que mostra este prato de nós? Primeiro é uma anarquia assustadora, não há o mínimo de critério na escolha dos alimentos, o que houver vai para a panela! Era o que mais faltava, além de meter para o lume ainda ter que ver se os alimentos ligavam, se existia alguma razão para estarem ali, todos juntos.
Segundo, é um prato bruto, atrevo-me mesmo a chamar bronco. Quero com isto dizer que não é um prato que se sirva para um jantar romântico. Estão a imaginar um casal apaixonado a brincar com a farinheira, sem conotações sexuais, ou cada um trincar uma ponta da orelha do porco acabando num beijo, tipo dama e o vagabundo?
Por fim, mas não o menos importante (esta adaptações da lingua de Shakespear são diabólicas), aquele orgulho com que muitos defendem o prato contra estas acusações: mas é bom, não é? Vangloriamo-nos por conseguirmos não estragar óptimos alimentos com a sua confecção, obviamente que se as carnes são boas, dificilmente o resultado final será mau. É a isto que se deve o nosso atraso. Temos condições magnificas e não as exploramos ao máximo, fazemos o mínimo possível (meter tudo numa panela) e contentamo-nos por o resultado final nem ser mau...
Cerebral
Sem comentários:
Enviar um comentário