Rawls

Este post não é só um elogio a este grande pensador, mas também um pouco a todos os académicos, muitas vezes relegados para uma redoma, por uma maioria que considera as sua teorias algo tão abstracto e útil como levar papel higiénico para cagar no mar.
Vou tentar ser o mais sintético possivel na explicação da teoria da justiça de John Rawls, portanto a precisão será relegada para 2º plano. Para responder à eterna pergunta: “como devem ser distribuida a riqueza numa sociedade?”, apresentou-nos a seguinte teoria. Os cidadãos estabelecem um contrato para a repartição da riqueza, só que este contrato é estabelecido numa posição original, sob um véu de ignorância, isto é, cada individuo desconhece os seus dotes e qual será a sua posição na sociedade. Nestas condições qual é o contrato estabelecido? Admitindo que as pessoas são avessas ao risco, suposição bastante razoável, será escolhida uma distribuição igualitária. Como cada um não sabe o que lhe vai ser atribuido, pretende maximizar a situação em que estaria pior, logo quer uma distribuição igualitária. Só teremos uma distribuição diferente se todos os individuos ficarem com mais na nova distribuição.
Os cépticos que referi em cima, se chegaram a esta parte devem estar a praguejar “qual é a utilidade desta merda?”, “na vida real ninguém estabelece este contrato!”. Não podiam estar mais errados, passemos a um exemplo real, posso-vos garantir que é verdadeiro. O Vaselinas e seu irmão, designer oficial do clube, além de profundos desconhecedores da teoria da justiça de Rawls têm um apetite elevado, digamos que deixaria qualquer familia da classe média em sérias dificuldades financeiras. Portanto sempre que há um bolo em casa os dois manos defrontam-se com o problema: como dividi-lo? Sabem qual é a prática, enraizada desde tenra idade? Um parte e o outro escolhe!!!
Querem maior prova da aplicação prática de teoria de Rawls que esta? Tão pura e dura! Quem estabele a distribuição da riqueza (parte o bolo), está sob um véu de ignorância (não sabe com qual fatia ficará pois é o outro que escolhe), logo vai tentar partir o bolo em fatias o mais iguais possiveis.
Julgo que não há maior elogio que um académico possa ter, do que dois irmãos a aplicarem a sua teoria diariamente de um modo tão inconsciente.
Cerebral